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Pior Dia da Minha Vida

Eu, que nunca tinha sido assaltada na vida, ontem fui vítima de um sequestro relâmpago. Parece assustador, e é mesmo, então resolvi escrever um pouco sobre isso pra ver se dou uma descarregada. Sempre fui muito alerta na rua, sei todas as pessoas que estão a minha volta, fico de olho no mínimo movimento estranho. Já até corri de um cara que nem sabia se ia me assaltar ou não. [se ele não fosse, deve ter me achado uma maluca, mas se fosse…me safei]

Ontem ia no cinema com um ‘amigo’  e ele veio me pegar aqui em casa. Foi um dia difícil no trabalho, cheguei super tarde em casa mas tava super animada pq ia ver ele. Ele me ligou, eu desci, entrei no carro, dei um beijinho de oi e saímos. Assim que viramos a esquina, um carro nos fechou e veio outro por trás. A gente até falou algo tipo: “Eeeeta, que cara mala parar bem na nossa frente!” Até saír um cara armado do carro, e me fazer sentir algo que nunca tinha sentido na vida. Meu corpo todo esquentou, deu um frio na barriga maior que aqueles que dão quando vou na montanha russa, mas de um jeito muito..muito ruim! Eu comecei a tremer, fiquei mole…E o cara pediu preu passar pro banco de trás.

Ao abrir a porta, sentei no banco de trás e deixei minha bolsa no chão, na rua, achando que o carro de trás estava vendo tudo que estava acontecendo e pegaria minha bolsa pra quem sabe, me devolver depois. Idiota, a maior idiota do mundo sem experiências em assaltos! O carro de trás também fazia parte da quadrilha e claro, pegou minha bolsa e avisou os caras que estavam no carro com a gente. Eu ainda tentei mentir dizendo q não tinha trazido bolsa, santa ingenuidade.

A nossa sorte foi que eles eram ‘gente boa’, parece até irônico dizer isso agora, mas eram. Estavam calmos, deixaram claro que só queriam os celulares e cartões, e que iam ficar rodando com a gente até o outro ir no banco, tirar o dinheiro e confirmar se a senha estava certa. Ele nos deixaria com o carro, o chip dos celulares, documentos e tudo mais. Durante o trajeto, que durou mais ou menos 1 hora mas pareceu uma noite inteira, eu só queria que acabasse logo. Eles ficavam conversando entre si sobre quanto já tinha lucrado naquela noite, quem ia ficar com qual celular, quantos pertences eles já tinham…Pelo jeito, o nosso roubo seria o último da noite.

Rolou um terror, um dos ladrões me deu uma dura por ter mentido por causa da bolsa, eu só pedi desculpas e aleguei que tinha um livro que tinha valor sentimental dentro da bolsa, e eu achei que deixando na rua alguém pudesse dar um jeito de me devolver. Ele ficou me dando bronca, enquanto o outro de trás me dava conselhos pra nunca mais fazer isso e que eu tinha dado a sorte deles não serem drogados, pq não teriam dó de mim.

Depois do outro assaltante ter tirado nosso dinheiro da conta, ele ligou pro que tava com a gente, e eu só conseguia ouvir: “Nããão…Não acredito! Você ta falando sério? Mas onde você deixou? Puta cara, não acredito…”. Depois de desligar, ele contra pro ‘pareceiro’ que o outro teve seu carro roubado enquanto estava no banco sacando nosso dinheiro. Acreditam?

Todos os carros que eles estavam, já eram roubados, e um dos ladrões conseguiu a proeza de ter tido seu carro, já roubado, roubado por outro ladrão. Na hora eu tive vontade de rir, falar BEM FEITO! Mas claro que fiquei na minha, nem olhar pra cara deles eu podia. Eles se lamentaram um pouco pq dentro do carro re-roubado, estava a mochila do meu amigo, com seu laptop dentro. É, foi uma grande perda, mas deu um gostinho pra gente por eles terem sido roubados também.

“Po, ladrão que rouba ladrão…Tenho que parar com essa vida viu, pq ta foda!”

Um deles dizia do meu lado. Eles eram até engraçados na verdade, mas tudo que falavam me dava raiva. Uma hora, o que estava dirigindo resolveu ligar o rádio. Tava tocando High & Dry do Radiohead, uma das minhas bandas preferidas. Quase morri né? Deu vontade de chorar, fui assaltada com trilha sonora. E pensei que nunca mais conseguiria ouvir essa música, sem me lembrar desse momento.

Bom, sei que depois de uma eternidade, chovia. Já estávamos longe de casa e eles nos deixaram com o carro. Disseram pra darmos 5 minutos e irmos embora. Foi o maior alívio do mundo quando tudo aquilo acabou. Abracei bem forte meu amigo, os 2 tremiam e eu derrubei minhas primeiras lágrimas. Não consigo descrever o sentimento depois disso. Era estranho, não dava pra acreditar que tudo aquilo havia acontecido. Nos sentíamos aliviados e ao mesmo tempo meio perdidos no tempo e no espaço.

Mais uma vez, me descobri uma pessoa calma. Fiquei bem tranquila durante toda a situação, não perdi o controle e dei graças a deus por não terem feito nada com a gente fisicamente. Foi um grande susto, mas nenhum dinheiro do mundo pagaria por nossas vidas. Ainda bem que estamos vivos e bem!

Obrigada por lerem esse desabafo.

Um beijo,

Rebiscoito.

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Arquivado em Eu, Fatos da vida